Os gestores da CULTURA estão desesperados. Por quê? (Pablo Dantas)



Não vou arrodear. A questão é uma só: a pandemia do covid19 paralisou os grande eventos e os gestores públicos, em maioria, não sabem o que fazer. Afinal, se não tem multidão, quem poderá nos observar?

As secretarias e diretorias de cultura espalhadas pelo Brasil estão inconformadas pelo cancelamento das festas tradicionais, como, por exemplo, Carnaval e São João. Primeiro, porque estas festas movimentam o setor, geram emprego e, através do turismo/consumo, dinamizam a economia. Segundo (talvez, primeiro), porque sem estas grandes festas, os prefeitos perdem a visibilidade momentânea que estão acostumados a ter. E agora?

Para superar esse marasmo generalizado, é preciso compreender que a Política Cultural não se resume a festas e grandes eventos. Isso é apenas uma parte da cadeia produtiva e quem se detém a ela, fica preso no show business. O problema é tão grave, que os gestores culturais levaram um grande susto quando  o Lei Aldir Blanc enviou recursos para as cidades. Surto geral! O que fazer com um recurso que não pode ser gasto com carnaval, gelo seco e fogos de artifício? Resultado: grana voltando ou mofando no Banco do Brasil.

A Política Cultural moderna e eficiente é aquela que deixa algo substancial para uma cidade. A produção local deve ser fomentada, como: teatro, música, cultural popular, patrimônio, dança, moda, literatura, gastronomia etc. Atividades de fruição, formação e pesquisa são a tríade das leis de incentivo. São os agente culturais locais os responsáveis pelo desenvolvimento cultural da cidade e região. São estes que levam e elevam o nome da cidade para o mundo! É aqui, portanto, que boa parte do recurso destinado para as Secretarias de Cultura deve ficar.

Não precisamos ir para o eixo RJ-SP para entender como se aplica essa política. Aqui mesmo em Pernambuco, desde 2003, o estado desenvolve uma das leis de incentivo à cultura mais importantes do país. Sim, continua existindo Carnaval e São João, mas são as variadas linguagens artísticas que mantem a chama acessa da produção cultural o ano inteiro. Não à toa, o Estado de Pernambuco injetou, em 2021, mais de RS 40 milhões nessa política. Sugiro que acessem o Portal Cultura PE e conheçam essa realidade. Acesse aqui: aqui.

Precisamos conversar mais sobre isso e tornar esse assunto popular. Os artistas locais devem se apoderar disso e contribuir com o fortalecimento desta política. Caso contrário, as secretarias e diretorias de cultura vão continuar nesse estágio de hibernação, aguardando uma vacinação em massa para voltar a montar os grandes palcos e bancar os artistas famosos com seus cachês milionários.


Pablo Dantas
(Produtor Cultural)



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